sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Vergonhoso cenário da política

Não concordamos com tudo, mas o título deste editorial é o pensamento do Deputado Federal Beto Albuquerque, com o qual nos identificamos, pelo menos pela verdade do título. O parlamentar faz duras críticas às condutas de partidos no processo de construção de alianças para as eleições deste ano. Virou mesmo, “um leilão”, como ele mesmo afirma. “Se discute tudo, menos os problemas do Estado” – “Precisamos pensar nos gargalos que prejudicam o Estado, discutir soluções para o descontrole ambiental que castiga várias regiões ao invés de priorizar somente questões políticas”. Desabafo do parlamentar procede, mas é bom lembrar que ele está tentando de todas as formas, criar uma terceira via, sendo ele o protagonista como candidato ao governo. Sonha ter o PTB e PP além do seu PSB e outras agremiações menores.
Enquanto isso assistimos um triste filme na capital, onde o PMDB que fez acordo escrito com o PDT em 2008, negar a validade do documento que trata da coligação à prefeitura da capital para 2012. Fruto do acordo garantiu os brizolistas no apoio à reeleição de José Fogaça como prefeito de Porto Alegre, tendo José Fortunati do PDT como seu vice. O PMDB fez documento escrito se comprometendo apoiar em 2012 um nome do PDT para prefeito. O tesoureiro do PMDB, Rospide Neto, diz agora: “Nos acordos políticos vale só a palavra. Às vezes, nem as assinaturas são respeitadas. É muito relativo”.
Este filme já tivemos em Marau com os mesmos partidos políticos como atores. O PMDB para costurar a candidatura de Vilmar Zanchin para a reeleição, também formalizou acordo escrito e com muita dificuldade foi cumprido uma parte. O PDT ficou as duras penas com três das quatro secretarias pactuadas e menos da metade dos cargos de confiança a que tinha direito. Ao discutir a existência do contrato, um representante do PMDB local também disse na ocasião: “Acordos existem para não serem cumpridos”. Foi censurado é verdade pelo partido, mas frequentava gabinetes e certamente refletia o pensamento dos dirigentes.
A constatação na realidade da política brasileira é fisiológica e pragmática. Nunca programática. Não se tem conhecimento em Marau e raramente se viu no Brasil a construção de uma aliança política para elaborar um programa de governo. As Costuras políticas sempre foram para atender apetites de cargos, empregos e nada mais. Com ameaça de demissão dos cargos do PDT em caso recente, a cúpula do partido voltou atrás de uma decisão tomada pela executiva com a abertura de chance para outro partido assumir a presidência do legislativo por um ano. Valeram os cargos e a pressão dos interessados. Isto é fato. Quando se escreve sobre temas assim, haverão os de plantão que se manifestam, achando que estamos criando fantasia e prejudicando a coligação e o governo. Infelizmente o que se assiste na costura para as candidaturas gaúchas, tanto de Tarso do PT ou Fogaça pelo PMDB, é comprar a qualquer preço a noiva e o seu vestido, promover bodas, não importando a qualidade do vinho e nem olhar para as credenciais de quem estará na mesa. Pena que os eleitores, às vezes, se deixam embriagar antes do tempo e pela visão pequena repetem os mesmos erros, continuando a dar aval a governos que simplesmente passam pelo palácio, ajeitando a vida de uns e de outros, esquecendo as prioridades que a sociedade precisa.
Deve ser por estas razões que o desencanto com os políticos campeia e se prolifera. Também por esta razão, já não se vê nem mais gente querendo ser político. Os partidos apelam para que surjam candidaturas para renovar o parlamento gaúcho e federal. Quanta falta de democratas. Quanta falta de vergonha na cara. Quanta falta de estadistas.

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