sexta-feira, 29 de abril de 2011

Raposas no galinheiro

Todos sonhamos com um Brasil promissor e de respeito. No entanto, como ter esperanças com notícias que se confirmam na ilha da fantasia, nossa Brasília de tantos escândalos? Menos mal que alguns ainda se escandalizam. Pena que nossa juventude que um dia vestiu preto, pintou a cara, cercou palácios e ajudou destituir um presidente, está ausente e distante. A velha UNE (União Nacional de Estudantes) subvencionada pelo governo é um paquiderme improdutivo, tal qual o Senado da República. Os jovens é que deveriam cercar os palácios e defenestrar de seus gabinetes os malfeitores do país. O Senado, presidido pelo eterno José Ribamar, que instala por um milhão de reais um sistema de ponto digital, libera a maioria para exercer seus cargos na vadiagem, nos corredores ou outras cidades dos currais eleitorais dos estados da federação. Pois, pasmem: confirmou-se na semana a escolha do aliado de Sarney, senador José Alberto (PMDB –AM) como presidente do Conselho de Ética do Senado para os próximos dois anos. O novo eleito é apelidado de engavetador de processos sobre ética. Não fica por aí a farra e orgia. O senador Renan Calheiros. Sim, aquele que tinha contra si no Conselho de Ética do Senado cinco processos por quebra do decoro parlamentar. Todos os processos foram arquivados, também faz parte do conselho.

Ao lado de Renan estão outros 13 senadores para compor o colegiado como titulares e mais 15 suplentes. Detalhe: grande parte destes com processos na Justiça. Maravilhas são as justificativas de alguns. Na sessão que elegeu o novo comando do conselho, o Senador Campos e o Senador Antônio Carlos Valadares ( PSB-SE) se explicaram sobre os processos que respondem na Justiça. O Vice-presidente do Conselho admitiu que responde a dois inquéritos no STF ( Supremo Tribunal Federal), mas negou que as ações arranhem sua imagem parlamentar. “Se eu não tivesse sido bom prefeito e governador, não estaria aqui. Sempre procurei ser correto, acima de tudo como homem público”, afirmou.

Eleito como novo presidente do Conselho de Ética, João Alberto disse que vai agir com isenção ao julgar os colegas. “Se a oposição diz que sou engavetador, por que não recorreram ao plenário quando fui presidente do conselho por duas vezes? Eu nunca açodei qualquer processo, existe um equilíbrio na minha gestão”, proferiu.

Gente, para concluir, é importante lembrar que este mesmo conselho arquivou todos os processos do senador Sarney que teima reinar nesta instância importante do poder federal. Criado em 1993, o órgão analisou desde então mais de 20 representações contra senadores, dos quais 15 foram arquivadas.

Como se nota, nada de esperança ....as raposas continuam fazendo a farra no galinheiro.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Pensando a cidade

Se dirá que já temos um projeto parecido com o que pretendemos sugerir hoje. Trata-se da Gestão Compartilhada. A cidade de Marau, pulsa desenvolvimento e problemas. Medidas urgentes devem acontecer para encurtar a distância entre o que temos e o que precisamos resolver. Está na hora de a gente pensar o desenvolvimento de Marau. Seminários e Encontros Comunitários mais frequentes podem ajudar e muito. Antes de especialistas ambientais, de trânsito, do urbanismo, da destinação do lixo orgânico, das sobras e resíduos de ferro, plástico , computadores, deve dar oportunidade para a população verbalizar suas aspirações e dificuldades. É recorrente a necessidade da educação como passo primeiro para implantar a cultura popular de separar o lixo, sua forma de manusear, até a destinação final. É fundamental integrar os moradores dos quarteirões e bairros da cidade, estabelecer uniformização de atitudes, buscando e discutindo soluções. Cultura é produto final de repetição de atitudes. Da cabeça de pessoas até sem escolaridade, mas de conhecimento empírico das dificuldades que a vida apresenta, pode surgir ideias práticas e avançar nas soluções definitivas. As comunidades podem ter uma tarefa importante, como sugerir temas e metas para chamados encontros participativos, que anualmente acontecem. As decisões dos bairros devem ser confrontadas para um projeto global da cidade toda como metas de nossos governantes. Um pano de fundo imediato para discussão da sociedade de Marau, poderia ser a limpeza pública. A sociedade deve ser inserida no processo de cuidar da cidade. Nosso jornalismo diário concentra muitas reclamações de moradores sobre limpeza urbana. A sujeira também incomoda quem é governo e procura muitas vezes com dificuldade resolver áreas críticas no que se refere ao acúmulo de lixo irregular. É só olhar o que acontece na perimetral, com sobra de lixo de toda a ordem, depondo contra a cidade e seus moradores, na avaliação dos que passam pelo território de Marau a caminho dos seus destinos.

Os chamados focos de lixo, locais onde moradores costumam descartar restos e objetos sem autorização, tem aumentado no perímetro urbano. Quando localizados, exigem atenção especial da administração municipal, que se esforça por fazer. Com encontros entre moradores de bairros se poderia educar para que isto não se prolifere. Esta repetição de coleta de lixo e recolhimento do que se descarta irregularmente nas praças e esquinas, demanda dinheiro público, saindo do bolso dos marauenses que têm de pagar pela repetição do serviço. Também se deve levar em conta que mesmo com recolhimento sistemático a cidade ainda continua a apresentar a cara suja. Com a participação da população esta realidade poderia mudar. Parece estar no costume popular de que quanto mais limpamos e recolhemos lixo, mais a população se sente autorizada a sujar.

Quem sabe se possa criar um núcleo de cuidadores da cidade e abrindo consciência do povo para tornar Marau, mais limpa, cheirosa e digna de se morar com qualidade de vida. Está aberta a temporada para os voluntários interessados em demonstrar respeito e amor a cidade. Mistér é cuidar primeiro de suas casas e seus imóveis. Cultura vem pelo exemplo.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Caminho engessado

Todo o governo que inicia, por mais leque de apoio que possua, sempre encontra dificuldades para implantar programas e estabelecer prioridades. O atual governo Tarso logrou aprovação de 100% de seus projetos, por contar com uma base sólida e formada por vários partidos. Com articulação afasta uma CPI do DAER e tenta recuperar um organismo viciado de muitos anos e um grande balcão de negócios para empresários, políticos e empreiteiras. Não é diferente a situação no DETRAN. Serão necessárias medidas saneadoras nesta área também. Nem se esgota a repercussão do DAER, a notícia que esquenta o fim de semana é a dívida milionária que engessa a Emater. Este organismo estadual de fomento ao produtor rural, notadamente aos pequenos agricultores, encontra a dificuldade de melhorar o serviço e sem condições de contratação de funcionários em 114 dos mais de 492 municípios atendidos pela empresa de assistência técnica e extensão rural. As dificuldades financeiras prejudicam também a ampliação de projetos, criação de programas e desenvolvimento de pesquisas. Só para este ano o déficit operacional é de R$ 8,5 milhões e dívidas acumuladas em R$ 171,7 milhões. Segundo o atual presidente da Emater, Lino de David, o déficit operacional de 2011 seria muito maior, não a supressão de contratos, convênios e dispensa de serviços considerados desnecessários como locação de carros, cuja frota é de 1,1 mil veículos. Além de cortes, o governo trabalha para renegociar dívidas, buscar novas receitas, verba suplementar do Estado e recuperar a filantropia.

Evidente que aqui aparece o lado da má gestão da coisa pública. É de todo conveniente a responsabilização dos gestores pela forma como respondem pela administração de órgãos públicos. O débito mais pesado da Emater refere-se a ações trabalhistas, que somam R$ 65 milhões e crescem a medida que não são pagas e é urgente discutir parcelamentos de longo prazo. Também aparecem R$ 33 milhões que é credora a Fundação de Previdência Complementar, FGTS, INSS, Imposto de Renda e outros que atingem R$ 21 milhões. Mais R$ 14 milhões estão pendentes como débitos em prestação de contas com o Ministério do Desenvolvimento Agrário, entre o principal, multa e correção.

Agora a sociedade regional compreende tanta dificuldade da Emater funcionar, com um quadro reduzido de funcionários. Marau ressente-se deste trabalho, embora a superação de seus agentes no município em desvio de funções, muitas vezes, para atender a demanda reprimida.

Determinados órgãos públicos precisam de oxigenação. Vale a receita para a União, Estados e Municípios.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Bolsa família esvazia MST

Triste quanto verdadeira é a afirmação do coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Afirma o líder campesino, que o ano 2010 foi o pior para a reforma agrária. Aponta o programa federal Bolsa Família como um dos fatores que levaram à redução do número de acampamentos de sem-terra e ao esvaziamento do movimento. “O Bolsa Família ajudou a acomodar as pessoas em algumas regiões”, disse, em entrevista recente. O Bolsa Família aliou à lentidão dos processos de reforma agrária, desestimulando o agricultor. “Há uma situação de psicologia social. Se as pessoas começam a se dar conta que a reforma está mais lenta, se perguntam: por que ocupar, se vai demorar?”- referindo-se a promessa de Lula de fazer reforma agrária com uma canetada. Como nada foi feito, veio o desânimo.

Parece, pelo menos dá a entender que é mais fácil ficar acampado em certas lonas, receber auxílio, matear um pouco, fazer filhos e garantir o que comer para a prole com auxílio governamental. Infelizmente, não deveria ser assim. É uma triste constatação e uma flagrante realidade.

Fica também bem a propósito, uma letra de um consagrado músico gaúcho, Adair de Freitas, que trata do tema com poesia, irreverência, coerência e visão social:

Searas de Paz !

Pegar em armas em nome da terra,

Que barbaridade, onde é que se viu.

A terra precisa de arados, enxadas,

E mãos calejadas para ofertar o cio.

Irmãos de Pátria, de fé e de sangue,

fomentando a guerra, só vão conseguir,

financiar a fome, cultivar o ódio,

pragas na lavoura do nosso porvir.

Não, não é assim.

Tirar a terra de quem dela cuida,

E apesar de tudo não saiu dalí.

Não, não é assim.

Deixar sem terra os que querem cuidá-la,

pois campos taperas não vão produzir.

Sim, homens ilustres de cruz ou de espada,

De discursos lindos e palavras vãs.

É chegada a hora de cumprir promessas,

Dar as mãos para vida que o mundo tem pressa,

de searas novas para o amanhã.

Ninguém tem culpa de haver nascido,

Sobre as sesmarias de algum ancestral.

Nem é culpado quem nasceu num catre,

acampado à beira da estrada real.

Há de haver um jeito de ajeitar o tranco,

Para levar a tropa rumo ao destino.

E deixar na estrada muito “boi corneta”,

que não é colono e nem campesino.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

“Não tenho medo da morte. Tenho medo da desonra”

O Brasil acompanhou emocionado a luta de um homem que amava a vida. Apesar dos problemas de saúde, demonstrava amor incondicional a ela. José Alencar, ex-vice-presidente de Lula, passou para todos os brasileiros uma forma de otimismo próprio de um estadista. Há 13 anos o empresário mineiro do setor têxtil lutava contra um câncer no abdômen. Alencar retirou a palavra câncer da lista das palavras proibidas, falando todo o tempo da doença com transparência e tranquilidade. Chegava a brincar com os médicos que ele deveria receber o diploma de médico. Serviu também de exemplo para pessoas que enfrentam problemas semelhantes e que muitas vezes se entregam antes do tempo. Conseguiu, mesmo com a doença, trabalhar e comandar seus negócios e principalmente aconselhar o presidente Lula, nos momentos mais agudos de seu governo. José Alencar viveu e morreu com dignidade.

A trajetória final deste mineiro se transformou em um dos homens públicos mais admirados do país nos últimos anos. Adversários políticos deixaram divergências de lado para lamentar sua morte. Foi na sua função institucional de vice-presidente da República, um homem digno e longe do perfil dos que geralmente traem e conspiram na cultura nacional. Proveniente de uma família humilde tornou-se milionário. Foi o grande avalista da candidatura Lula, dando garantia e credibilidade da classe empresarial que duvidavam que o Brasil poderia seguir a economia de mercado. O cientista político da PUC de São Paulo, Carlos Melo, afirmou: “Alencar talvez tenha sido mais importante na campanha do que no governo. Ele ajudou a quebrar o estigmas sobre Lula e tornou sua imagem mais palatável. Foi importante para ganhar a eleição. Brilhou também por conta própria. Pela primeira vez um vice-presidente saiu tão consagrado de um governo quanto o próprio titular. Um vice tão popular, tão consagrado quanto o presidente, é um caso para ficar na história”, avalia o cientista político acima referido.

A frase completa do título acima foi assim expressada por ele:

“Não tenho medo da morte, tenho medo da desonra. Por uma razão muito simples: Nossos irmãos, nossos amigos, nossa família, nosso pai, nossa mãe, nossos filhos, nossos netos, nossa esposa. Nós temos pessoas que nos estimam, que acreditam em nós. Se nos comportarmos dignamente, mesmo depois de mortos não teremos morridos para eles”.

Fica o exemplo de alguém paradigma da dignidade.

José de Alencar, um homem estadista.