sexta-feira, 1 de abril de 2011

“Não tenho medo da morte. Tenho medo da desonra”

O Brasil acompanhou emocionado a luta de um homem que amava a vida. Apesar dos problemas de saúde, demonstrava amor incondicional a ela. José Alencar, ex-vice-presidente de Lula, passou para todos os brasileiros uma forma de otimismo próprio de um estadista. Há 13 anos o empresário mineiro do setor têxtil lutava contra um câncer no abdômen. Alencar retirou a palavra câncer da lista das palavras proibidas, falando todo o tempo da doença com transparência e tranquilidade. Chegava a brincar com os médicos que ele deveria receber o diploma de médico. Serviu também de exemplo para pessoas que enfrentam problemas semelhantes e que muitas vezes se entregam antes do tempo. Conseguiu, mesmo com a doença, trabalhar e comandar seus negócios e principalmente aconselhar o presidente Lula, nos momentos mais agudos de seu governo. José Alencar viveu e morreu com dignidade.

A trajetória final deste mineiro se transformou em um dos homens públicos mais admirados do país nos últimos anos. Adversários políticos deixaram divergências de lado para lamentar sua morte. Foi na sua função institucional de vice-presidente da República, um homem digno e longe do perfil dos que geralmente traem e conspiram na cultura nacional. Proveniente de uma família humilde tornou-se milionário. Foi o grande avalista da candidatura Lula, dando garantia e credibilidade da classe empresarial que duvidavam que o Brasil poderia seguir a economia de mercado. O cientista político da PUC de São Paulo, Carlos Melo, afirmou: “Alencar talvez tenha sido mais importante na campanha do que no governo. Ele ajudou a quebrar o estigmas sobre Lula e tornou sua imagem mais palatável. Foi importante para ganhar a eleição. Brilhou também por conta própria. Pela primeira vez um vice-presidente saiu tão consagrado de um governo quanto o próprio titular. Um vice tão popular, tão consagrado quanto o presidente, é um caso para ficar na história”, avalia o cientista político acima referido.

A frase completa do título acima foi assim expressada por ele:

“Não tenho medo da morte, tenho medo da desonra. Por uma razão muito simples: Nossos irmãos, nossos amigos, nossa família, nosso pai, nossa mãe, nossos filhos, nossos netos, nossa esposa. Nós temos pessoas que nos estimam, que acreditam em nós. Se nos comportarmos dignamente, mesmo depois de mortos não teremos morridos para eles”.

Fica o exemplo de alguém paradigma da dignidade.

José de Alencar, um homem estadista.

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