Triste quanto verdadeira é a afirmação do coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Afirma o líder campesino, que o ano 2010 foi o pior para a reforma agrária. Aponta o programa federal Bolsa Família como um dos fatores que levaram à redução do número de acampamentos de sem-terra e ao esvaziamento do movimento. “O Bolsa Família ajudou a acomodar as pessoas em algumas regiões”, disse, em entrevista recente. O Bolsa Família aliou à lentidão dos processos de reforma agrária, desestimulando o agricultor. “Há uma situação de psicologia social. Se as pessoas começam a se dar conta que a reforma está mais lenta, se perguntam: por que ocupar, se vai demorar?”- referindo-se a promessa de Lula de fazer reforma agrária com uma canetada. Como nada foi feito, veio o desânimo.
Parece, pelo menos dá a entender que é mais fácil ficar acampado em certas lonas, receber auxílio, matear um pouco, fazer filhos e garantir o que comer para a prole com auxílio governamental. Infelizmente, não deveria ser assim. É uma triste constatação e uma flagrante realidade.
Fica também bem a propósito, uma letra de um consagrado músico gaúcho, Adair de Freitas, que trata do tema com poesia, irreverência, coerência e visão social:
Searas de Paz !
Pegar em armas em nome da terra,
Que barbaridade, onde é que se viu.
A terra precisa de arados, enxadas,
E mãos calejadas para ofertar o cio.
Irmãos de Pátria, de fé e de sangue,
fomentando a guerra, só vão conseguir,
financiar a fome, cultivar o ódio,
pragas na lavoura do nosso porvir.
Não, não é assim.
Tirar a terra de quem dela cuida,
E apesar de tudo não saiu dalí.
Não, não é assim.
Deixar sem terra os que querem cuidá-la,
pois campos taperas não vão produzir.
Sim, homens ilustres de cruz ou de espada,
De discursos lindos e palavras vãs.
É chegada a hora de cumprir promessas,
Dar as mãos para vida que o mundo tem pressa,
de searas novas para o amanhã.
Ninguém tem culpa de haver nascido,
Sobre as sesmarias de algum ancestral.
Nem é culpado quem nasceu num catre,
acampado à beira da estrada real.
Há de haver um jeito de ajeitar o tranco,
Para levar a tropa rumo ao destino.
E deixar na estrada muito “boi corneta”,
que não é colono e nem campesino.
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