sexta-feira, 8 de abril de 2011

Bolsa família esvazia MST

Triste quanto verdadeira é a afirmação do coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Afirma o líder campesino, que o ano 2010 foi o pior para a reforma agrária. Aponta o programa federal Bolsa Família como um dos fatores que levaram à redução do número de acampamentos de sem-terra e ao esvaziamento do movimento. “O Bolsa Família ajudou a acomodar as pessoas em algumas regiões”, disse, em entrevista recente. O Bolsa Família aliou à lentidão dos processos de reforma agrária, desestimulando o agricultor. “Há uma situação de psicologia social. Se as pessoas começam a se dar conta que a reforma está mais lenta, se perguntam: por que ocupar, se vai demorar?”- referindo-se a promessa de Lula de fazer reforma agrária com uma canetada. Como nada foi feito, veio o desânimo.

Parece, pelo menos dá a entender que é mais fácil ficar acampado em certas lonas, receber auxílio, matear um pouco, fazer filhos e garantir o que comer para a prole com auxílio governamental. Infelizmente, não deveria ser assim. É uma triste constatação e uma flagrante realidade.

Fica também bem a propósito, uma letra de um consagrado músico gaúcho, Adair de Freitas, que trata do tema com poesia, irreverência, coerência e visão social:

Searas de Paz !

Pegar em armas em nome da terra,

Que barbaridade, onde é que se viu.

A terra precisa de arados, enxadas,

E mãos calejadas para ofertar o cio.

Irmãos de Pátria, de fé e de sangue,

fomentando a guerra, só vão conseguir,

financiar a fome, cultivar o ódio,

pragas na lavoura do nosso porvir.

Não, não é assim.

Tirar a terra de quem dela cuida,

E apesar de tudo não saiu dalí.

Não, não é assim.

Deixar sem terra os que querem cuidá-la,

pois campos taperas não vão produzir.

Sim, homens ilustres de cruz ou de espada,

De discursos lindos e palavras vãs.

É chegada a hora de cumprir promessas,

Dar as mãos para vida que o mundo tem pressa,

de searas novas para o amanhã.

Ninguém tem culpa de haver nascido,

Sobre as sesmarias de algum ancestral.

Nem é culpado quem nasceu num catre,

acampado à beira da estrada real.

Há de haver um jeito de ajeitar o tranco,

Para levar a tropa rumo ao destino.

E deixar na estrada muito “boi corneta”,

que não é colono e nem campesino.

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