segunda-feira, 25 de outubro de 2010

O limite deve ser a verdade

Se há uma profissão que não precisa da tutela do Estado, é a do jornalismo. Esta liberdade historicamente sempre incomodou quem é governante. Foram várias as tentativas de enquadramento da imprensa ou de engessamento da atividade. Como exemplo a tentativa de criação de um Conselho de Jornalismo. Felizmente repudiada no Congresso e pelos que pretendem exercer com liberdade e dignidade a profissão. A justificativa do governo Lula em tentar fazer passar no Congresso este Conselho Federal de Jornalismo era para “aprimorar a profissão”. O que em seguida se viu, foi o monstrengo de que a profissão de jornalista nem precisa ter o registro no Brasil. Entendemos que as tentativas sempre foram no sentido do Estado ter certo controle sobre a atividade jornalística. Não cabe ao Estado este papel de democracia política. O próprio presidente Lula disse, não faz muitos dias, que certos órgãos de imprensa do Brasil agem como partidos políticos.
O presidente tem lá sua razão. É certo também que como presidente de uma nação, não pode misturar administração com apoio partidário em horas de expediente, coisa muito frequente no atual momento de sucessão presidencial. Não é o melhor exemplo de isenção de um primeiro magistrado. Os bons veículos de comunicação que seguem a perseguição da boa notícia e de crítica isenta de preconceitos, não podem ser assim tão facilmente questionados para seguir determinados rumos. Quem deve avaliar o jornalismo é o leitor. Sua forma de não aceitar, é deixar de ler.
O comportamento de um jornal, por exemplo, deve ser avaliada pela sociedade onde ele estiver inserido. Quem deve assinar, ler, deixar de ler e assinar, é o leitor que perceberá como ninguém se o jornalismo praticado é ético, democrático e útil para a sociedade.
Há uma premissa básica: todo o veículo precisará de independência financeira para poder se proclamar independente.
Surge agora no Brasil algumas tendências do jornalismo, coisa que acontece com muita frequência em outras experiência democráticas. Nos Estados Unidos é até comum jornais declararem apoio a este ou aquele candidato presidencial. Foi de lá que veio o exemplo de liberdade de imprensa com o caso Watergate, que culminou com a saída de Nixon da presidência pela espionagem de seu partido. Lá nenhum órgão fiscaliza, pune ou regulamenta a atividade jornalística. A liberdade de imprensa é garantida pela primeira emenda da Constituição e algumas jurisprudências com passagem na Suprema Corte. No Brasil, existem meios jurídicos para punir excessos acasos praticados pelo jornalismo.
Neste país, sem a imprensa livre, como saber de tantos escândalos que Brasília e outros poderes envolvidos em corrupção proporcionam diariamente?
Surpreende nos últimos dias os declarados editoriais de certos veículos do Brasil, claramente direcionados a este ou aquele candidato presidencial. O Brasil fica perplexo e são sinais de que o futuro trará novidades nas linhas jornalísticas. Há quem prefira, e já diria o filósofo francês, Pierre Bourdeau: “O mais terrível na comunicação, é o inconsciente da comunicação”. O explícito não necessita suposição, porém o implícito às vezes é preocupante. Nas entrelinhas do registro do fato, a mensagem impregnada leva a pensar como a linha editorial quer.
Devemos estar atentos sobre esta tendência. O caso das revistas Veja e Isto è é emblemático no momento, onde ninguém tem mais dúvida sobre suas preferências na presente eleição.
Será que Marau está preparado para aceitar posicionamentos mais claros e menos escusos de nossos veículos de comunicação no campo político democrático? O futuro dirá.

Um comentário:

  1. O texto é apropriado e adequado para o momento politico que vivemos!

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