sexta-feira, 23 de abril de 2010

Manda quem pode, obedece quem precisa!

Pode até ser justa, mas não desce assim redondo como propaganda de certa cerveja, a decisão de indenização bem nesta hora do calendário, para a União Nacional dos Estudantes. Sintonizada com o governo Luis Inácio Lula da Silva, a União Nacional dos Estudantes (UNE) vai mesmo receber indenização superior a R$ 15 milhões por conta do incêndio de sua sede durante a ditadura militar. O projeto foi aprovado na comissão de Assuntos Econômicos do Senado. O texto segue para a Comissão de Constituição e Justiça e, depois, para a sanção de Lula. Combativa em outros governos, a UNE tem uma postura suave em relação à administração petista. A antiga sede da UNE foi destruída em 1º de abril de 1964. De acordo com testemunhas, soldados do exército atearam fogo no edifício. O projeto que obriga o Estado a reconhecer a responsabilidade pela destruição determina que o valor ressarcido deva ser usado na reconstrução da sede. O edifício, que será assinado pelo arquiteto Oscar Niemayer, terá 13 andares, com centro cultural e teatro. Todos sabem da conivência da UNE nos últimos tempos em dar cobertura ao que interessa ao governo. O silêncio é constrangedor, pois se fosse como antigamente e principalmente independente, o mundo estudantil teria defenestrado de tantos palácios os corruptos que assaltaram Brasília em diversas esferas, incluindo o próprio judiciário. Se a atuação fosse de uma elite bem intencionada e realmente preocupada com o país, pelo menos um abraço ao Congresso Nacional teria acontecido pelos escândalos do Mensalão, desvios e absurdos da violação dos painéis do Senado da República e principalmente tomado atitudes mais firmes contra escândalos das passagens áreas da Câmara dos Deputados e conferido as contratações irregulares nas casas congressuais. Os líderes da UNE jamais deveriam se posicionar partidariamente pelo respeito a tantos estudantes que possuem diferentes preferências eleitorais. Deveriam se abster, até mesmo em respeito a José Serra que foi um líder estudantil e passou pelo comando da UNE. É que não é mais segredo de ninguém que a chamada cooptação política, considerada normal numa democracia, foi deturpada por compra política, prática, aliás, que está presente nos municípios e não precisa ir longe, nos estados e municípios. A máxima é verdadeira: “Quem depende de alguém financeiramente, dependerá ideologicamente e no tudo mais”. A nós não causa estranheza, a UNE, nada mais é do que um apêndice ou um braço do governo no meio estudantil. Volta à tese: “nos locupletemos todos ou restauremos a moralidade”.

Editorial publicado na edição 682 do JM/Jornal de Marau de 24 de abril de 2010.

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