O mês de março será lembrado com a perda de dois dos mais
expressivos nomes do humor e da inteligência, uma ligação direta com a imprensa
brasileira. Primeiro foi Chico Anysio, homem de múltiplos personagens e
refinado humor. Veio depois a morte de Millôr Fernandes, muito além de refinado
humor, um frasista incomparável.
Jornal O Dia repercutindo morte dos vários Chico's |
Os dois nomes ferem com suas mortes a
inteligência nacional. Eram versáteis no que faziam. Escreviam, criavam, faziam
roteiros de peças teatrais, dirigiam, encenavam e pintavam. Chico cantava
também e era mestre do palco e na tela do cinema e televisão.
Millôr era desenhista, jornalista, dramaturgo e escritor, um
dos principais responsáveis por marcos do jornalismo brasileiro como a revista O Cruzeiro e o jornal O Pasquim. Millôr pautou sua atuação por
uma ironia que machucava as entranhas dos políticos.
Para nós da imprensa, fica a idéia de um insubstituível
jornalista e paradigma de como devemos ser. Ensina para todos os que atuam nas
comunicações: “A imprensa é oposição, o
resto é armazém de secos e molhados”.
A “oposição” está longe de ser a político partidária e sim a
do questionamento, postura e posição perante as obras do cotidiano.
Em outra sentença, de intermináveis verdades, eternizou:
“Político profissional jamais tem medo de escuro. Tem medo é de claridade”. Ou
ainda quando, naquela época de embriagues política e econômica sentenciou:
“Brasil; um filme pornô com trilha de Bossa Nova”.
Um gênio da cultura. Um construtor da moralidade e decência,
que entre suas críticas jamais teve medo em manifestar qualquer opinião a
respeito da situação do país.
Millôr morreu aos 88 anos |
Já perdemos tantos, Nelson Rodrigues, Chico Anysio, Millôr
Fernandes, que serão sempre modelos para a prática do jornalismo e do humor com
inteligência.
Abaixo, uma série de ditos desse grande brasileiro das
letras, das obras e do bom humor.
“O Jornalista deve ser cético para que o leitor não se torne
cético com relação ao jornalista”.
“Fiquem tranquilos os poderosos que têm medo de nós: nenhum
humorista atira para matar”.
“Fiquem tranquilas as autoridades. No Brasil jamais haverá
epidemia de cólera. Nosso povo morre é de passividade”.
“Nossos corruptos são tão incompetentes que só conseguem
roubar do governo. Se fossem ladrões na iniciativa privada morreriam de fome”.
Além destes ícones, quem seguir agora?
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