sexta-feira, 30 de março de 2012

Nas mãos de quem?


O mês de março será lembrado com a perda de dois dos mais expressivos nomes do humor e da inteligência, uma ligação direta com a imprensa brasileira. Primeiro foi Chico Anysio, homem de múltiplos personagens e refinado humor. Veio depois a morte de Millôr Fernandes, muito além de refinado humor, um frasista incomparável. 
Jornal O Dia repercutindo morte dos vários Chico's

Os dois nomes ferem com suas mortes a inteligência nacional. Eram versáteis no que faziam. Escreviam, criavam, faziam roteiros de peças teatrais, dirigiam, encenavam e pintavam. Chico cantava também e era mestre do palco e na tela do cinema e televisão.
Millôr era desenhista, jornalista, dramaturgo e escritor, um dos principais responsáveis por marcos do jornalismo brasileiro como a revista O Cruzeiro e o jornal O Pasquim. Millôr pautou sua atuação por uma ironia que machucava as entranhas dos políticos.
Para nós da imprensa, fica a idéia de um insubstituível jornalista e paradigma de como devemos ser. Ensina para todos os que atuam nas comunicações: “A imprensa é oposição, o resto é armazém de secos e molhados”.
A “oposição” está longe de ser a político partidária e sim a do questionamento, postura e posição perante as obras do cotidiano.
Em outra sentença, de intermináveis verdades, eternizou: “Político profissional jamais tem medo de escuro. Tem medo é de claridade”. Ou ainda quando, naquela época de embriagues política e econômica sentenciou: “Brasil; um filme pornô com trilha de Bossa Nova”.
Um gênio da cultura. Um construtor da moralidade e decência, que entre suas críticas jamais teve medo em manifestar qualquer opinião a respeito da situação do país.

Millôr morreu aos 88 anos

Já perdemos tantos, Nelson Rodrigues, Chico Anysio, Millôr Fernandes, que serão sempre modelos para a prática do jornalismo e do humor com inteligência.
Abaixo, uma série de ditos desse grande brasileiro das letras, das obras e do bom humor.

“O Jornalista deve ser cético para que o leitor não se torne cético com relação ao jornalista”.

“Fiquem tranquilos os poderosos que têm medo de nós: nenhum humorista atira para matar”.

“Fiquem tranquilas as autoridades. No Brasil jamais haverá epidemia de cólera. Nosso povo morre é de passividade”.

“Nossos corruptos são tão incompetentes que só conseguem roubar do governo. Se fossem ladrões na iniciativa privada morreriam de fome”.


Além destes ícones, quem seguir agora?

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