sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Tá tudo dominado!

Pensando bem, o que temos de diferente na forma de governar no Brasil? São raríssimas exceções, com alguma novidade para servir de exemplo. A semana vive a expectativa, com o anunciado veto presidencial sobre um tema que tem fundamentos constitucionais. Tratamos dos royalties sobre o pré-sal. A matéria ganhou repercussão nacional e as duas casas legislativas (Senado e Câmara) aprovaram com algumas emendas o texto proposto pelo deputado gaúcho Ibsen Pinheiro. Rio de Janeiro e Espírito Santos brigam pelos seus exclusivos interesses como maiores produtores de petróleo e não querem dividir com ninguém. Como se a bandidagem do Rio é exclusividade da “cidade maravilhosa” e não fosse um tema nacional de solidariedade, que precisa de investimentos para a solução. Os municípios brasileiros ganhariam todos, com possibilidade de menos pires e chapéus na mão pedindo socorro em Brasília se os retornos do que extraímos do fundo do mar viessem mensalmente para as diferentes populações de todo o Brasil. O rateio seria entre todos os municípios do país, já que a Constituição fala expressamente que o petróleo e outros minerais pertencem a União.

Presidente Lula para poupar desgaste de sua afilhada Dilma toma para si a responsabilidade de quem tem 80% de aceitação popular. Então pela lógica o povo não deve se queixar nem da possível volta da CPMF, diminuição de prestações para aquisição de bens duráveis, aumento de juros e outras medidas que inevitavelmente o comando econômico deve fazer, para frear a inflação. O discurso de campanha era ufanista e que o país tinha conseguido a autonomia e não dependia de conjunturas do mundo. Assim foi passada a mensagem para incauta população. Se o povo finge, não sabe de fato, e como consequência não verbaliza é dever da imprensa de fazer o alerta.

No Estado, não é diferente. Um governo que emprega gente de toda a espécie, bastando, ao que parece, a indicação do partido. No governo Tarso nada de novidade, revolucionário e inovador. Até agora uma coalizão nitidamente para garantir votos na casa legislativa. Governo de excelência, nem na União, no Rio Grande e nos municípios.

Também nas prefeituras algumas áreas não funcionam. O povo reclama de tudo e os pobres dos prefeitos bem intencionados passam a conviver com indicações políticas para vários cargos de confiança. Mais vale o apoio do partido coligado do que as qualidades dos ocupantes de cargos. Na saúde, nas estradas, na educação, na segurança, são sempre as mesmas reclamações de insatisfação popular. Isto é em todos os municípios, uns mais, outros menos.

Tudo, em todas as esferas, é o sistema que ajuda a impedir a realização de bons propósitos pela presença incômoda de auxiliares sem habilitação adequada para determinadas funções. Presidente, governador ou prefeito estão presos na malha da ineficiência legislativa e precisam deste poder para fazer acontecer alguns projetos. Nos governos a palavra da moda é coalizão. Como todos precisam de votos, a politicagem exige cargos e mais cargos para satisfazer os interesses partidários. Não é novidade a volta do secretário da Saúde, Rui Carlos Gouvêa. Está longe de apaziguar o partido (PDT). O executivo se dá por satisfeito. O próximo nó a ser desatado é a escolha do novo presidente da Câmara de Vereadores. Aí também existe a ingerência do executivo. Por seu turno, dirá que o legislativo é independente. Na política do Brasil, do Rio Grande do Sul e de Marau, existe um mesmo jogo bonito, vistoso de arquibancada e um xadrez dúbio nos bastidores. Ingênuo é supor ou pensar diferente. Não é só no morro não, nas baixadas também há um lugar comum...”está tudo dominado”.

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