sexta-feira, 4 de março de 2011

Brasil semianalfabeto

“Nos meus 72 anos de vida, assisti a muitas coisas tristes, sombrias ou bizarras no meu país. O deputado Tiririca, mais votado do Brasil, declarado alfabetizado depois de errar 80% do ditado submetido na Justiça Eleitoral, passou a membro da comissão de Educação. O Tiririca pode até ser um cara legal, mas se fôssemos um país sério todos os escritores, editores, jornalistas e professores brasileiros entrariam em greve até se resolver o escárnio. Mas não faremos nada disso. Vai haver até quem ache graça. Pêsames.”- Escritora gaúcha Lya Luft.

Pois é, neste mesmo país que se tenta mais uma vez e de forma errada, modificar o estado precário e equivocado do ensino fundamental ao universitário nas escolas públicas. Se anunciam índices, provas, testes de avaliação para os professores não entrarem no magistério e depois continuam repetindo a prática de não reprovar ninguém no final de ano. É que para o governo é importante se iludir com estatísticas, mesmo que o aluno não saiba nem amontoar as letras. Vivemos a cultura do proibir a reprovação. Tem pais analfabetos que ainda aplaudem. Chega-se ao ponto de alguns perceberem que seus filhos não têm condições de passar de ano e evitam que os mesmos vão para a escola no final de ano para fazer provas. Este fato aconteceu na cidade e a mãe sofre a advertência que pode ser penalizada por tal atitude. Ela está em defesa do bom e eficiente aprendizado que nossos alunos precisam. Não seria de todo conveniente fazer os alunos permanecerem mais tempo na escola e efetivamente aprendendo do que mandar para uma série adiante? A Coréia do Sul é um exemplo clássico de como um país cresce quando alavanca a educação como prioridade de fato. Não mais que 60 anos e esta nação asiática (tema editoral do JM no ano da Copa de 2002), estava destruída por uma guerra civil, com um milhão de mortos e a maior parte da população na miséria, comendo carne de cachorro, não por cultura, mas por necessidade extrema. Estava o país com índices perversos de um analfabeto para cada três habitantes. Hoje, com educação exemplar, oito em cada dez estão na universidade. Lá nenhum aluno passa o dia sem entender a lição. Lá o ensino de oito anos de escola fundamental é de fato obrigatório e gratuito. Os bons alunos asseguram bolsas de estudos para a universidade. O país cresce 9% ao ano.

No Brasil o piso Nacional do Magistério é de R$ 1.187,00 para 40 horas semanais. Aqui no Rio Grande do Sul a discrepância é ainda mais acentuada. O piso básico dos professores para 20 horas é de R$ 356,00. Lá na Coréia do Sul, um professor ganha o equivalente a R$ 10.500,00 mensais.

Terminamos a semana com a notícia que ufanistamente a área econômica do governo anuncia que o Brasil já é a 7ª economia do mundo. Já no ranking mundial de salários de professores em 38 países analisados pela Organização Internacional do Trabalho e a Unesco, figuramos na penúltima colocação, perdendo apenas para Peru e Indonésia.

Num país que se toca boiada, deve interessar para alguns pagar mal professores, com isso é impossível transformar boiada em boiadeiro.

Afinal, hoje é carnaval. Isto é o que importa! Quanto mais circo, menos necessidade de pão. Para um povo semianalfabeto, carnaval é prioridade. Pelo menos que use preservativos para não ampliar os números dos desamparados.

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