sexta-feira, 3 de junho de 2011

Utopia do consenso

O “balão de ensaio” foi lançado, tenta pousar em terreno fértil. Está faltando adubo para vingar. Movimento assim é, nitidamente, para tirar a temperatura da política local. Isto acontece sempre neste período pré-eleitoral. Quando se aproxima o tempo de renovação dos quadros municipais, aparece esta ideia como solução para a continuidade ou como forma de cortar atalhos para se chegar ao poder. Muitas vezes os propósitos são no sentido de dividir o prato do que no final ficar fora da divisão do bolo. A solução de governo por consenso, geralmente parte do pressuposto de que está instalada a ingovernabilidade, que não é o caso presente. Nem estamos em crise de calamidade. O caso de Marau parece que é o medo dos dois grandes (PP e PMDB), se obrigarem a ceder espaços para os eternos coadjuvantes vingarem o sonho de se tornarem protagonistas, e chegarem ao poder. Podem não ter nomes em evidência, mas facilitaria um bom projeto com o envolvimento da sociedade.
Não se tem informação mais precisa, e é bem possível que seja só especulação, que líderes dos pequenos estão conversando sobre o presente e conjecturando o futuro. É nítida a realidade que os partidos hoje coligados foram esvaziados, com afastamento de principais lideranças. É neste terreno que o adubo transforma a terra fértil para movimentos dos mais espertos. Também fica só na especulação de que os descontentes de todos os partidos esboçam sinal de reação com possibilidade de uma via alternativa para discutir o Marau programático. Coisa, aliás, que nunca acontece. Ou alguém lembra se em algum momento o município viu um programa nascer primeiro escolhendo depois quem será o mais credenciado para executar o projeto? Não temos lembrança de nada parecido. É da nossa cultura primeiro chegar ao poder e depois estabelecer governos de improviso e com um mínimo de planejamento, loteando cargos. A prática é de cargos para filiados e apadrinhados.
O JM/Jornal de Marau e a própria Vang FM entendem que os veículos de comunicação devem ser claros e explícitos sobre o que a comunidade merece como representação do Legislativo e Executivo. Não é exagero na atualidade que vivemos, não só em Marau, mas no país, ter gente representando partidos sem a mínima noção de sua filosofia programática e seus principais ideários.
Não condenamos o diálogo entre partidos, mesmo que opostos e adversários, no campo político e ideológico. Dialogar é o melhor instrumento do mundo civilizado. A propósito, a sabedoria de Ulisses Guimarães sugeria que “a saliva entre políticos é a argamassa do entendimento”. O que não concordamos é que apenas alguns líderes se reúnam, geralmente às escondidas, para lotear interesses. As bases de todo o partido que se preza, deve participar permanentemente de qualquer decisão na construção de seu destino.
Marau não precisa de consenso. Precisa de respeito aos partidos políticos. Antes disso, estes mesmos partidos devem se oxigenar, se dar o devido valor e não prostituir sonhos por festivais de cargos e gratificações, como indústria de governo.
Seremos a favor do consenso, se antes dos nomes, tivermos projetos, programas, rumo e norte. Passo seguinte, escolher juntos com governantes, secretários e principais cargos de governos antes mesmo das eleições propriamente ditas. Aí sim, com nomes de excelência, buscar nas urnas a legitimação dos acordos. Cá entre nós, isto não faz parte do mundo real, logo é impensável acontecer. É perda de tempo emprestar apoio a este tipo de consenso, que alguns poucos sonham construir. Fora disso, há um jogo claro de arquibancada com palavras bonitas e um conchavo nos porões.
Nossa função como jornalismo é alertar para esta realidade presente.



Editorial publicado na edição 736, 28 de maio de 2011, do JM/Jornal de Marau.

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