Para o Dia dos Pais

“A partir de agora deixamos de ser apenas filhos, e nos tornamos também pais”. Desde o momento em que um casal recebe a notícia da confirmação da gravidez, surgem diferentes pensamentos, expectativas, temores e anseios, que parecem ter de ser resolvidos imediatamente. Tanto o homem quanto a mulher sentem-se ambivalentes frente a essa nova situação. Este é um período extremamente criativo na vida do casal, pois transforma um homem e uma mulher em pai e mãe. Mas as exigências de não errar acabam muitas vezes dificultando a fascinante tarefa de acompanhar o crescimento desse novo ser que estão formando.
A relação entre o homem e a mulher evoluiu muito nos últimos tempos, proporcionando uma maior participação do pai, o qual, além de exercer sua “paternagem”, exige acompanhar ativamente o desenvolvimento do bebê, desde a gestação. Porém há muitas diferenças em relação ao impacto, repercussões e vivências entre o casal. A ideia da paternidade é mais lenta no pai devido a não ter o bebê dentro de si, causando muitas vezes reações de inveja e ciúme. Consolida-se gradualmente após o nascimento da criança e seu desenvolvimento. Já a mãe vai vinculando-se a partir da percepção do crescimento do bebê dentro dela, estreitando-se mais após o parto e a amamentação. Os recém-nascidos são sensíveis e receptivos ao contato com o pai, o que significa que necessitam tanto da “paternagem” quanto da “maternagem”.
Percebe-se que a gravidez cada vez mais passa a fazer parte dos planos tanto do homem quanto da mulher. Sendo assim, podemos pensar num casal que espera um bebê como um “casal grávido”, que vivenciará cada etapa tentando ampliar um espaço dentro de si, a fim de receber emocionalmente esse filho, bem como gerar um novo papel dentro de si. O papel dos pais.

O texto de hoje, é uma opinião da psicóloga Alessia Carpes, com o título “O casal grávido” que foi publicado no Jornal do Comércio de Porto Alegre, página 4 (10/ agosto 2011).