sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Como ficam os idosos?

Logo quando o governo barra o reajuste de aposentados com a negação do projeto que estende a todas as aposentadorias e penções o mesmo índice de correção dos benefícios no valor de um salário mínimo temos que assistir ainda a discriminação aos mais velhos em casos de doações de órgãos. Reproduzimos aqui o pensamento do diretor do Instituto de Gereatria e Gerentologia a PUCRS, professor Newton Luiz Terra. Concordamos no enfoque e transformamos como editorial sem qualquer modificação no texto.
“Embora se conheça a inevitabilidade da velhice e a inexorabilidade da morte, sempre se lutou por uma solução que pudesse levar o homem à eterna juventude. As pesquisas sobre o envelhecimento estão progredindo e têm potencial de, algum dia, fornecer métodos para melhorar a saúde e a longevidade dos indivíduos. Desde a década de 70, sabe-se que as células humanas têm capacidade limitada de se reproduzir. Os responsáveis por isso parecem ser os telômeros, uma capa que fica bem na ponta dos cromossomos (onde está enrolado o DNA), que serve para evitar que a molécula de DNA se esgarce como um cadarço de sapato.
A cada vez que uma célula se divide, os telômeros vão encurtando, até acabarem. Quando os telômeros de uma célula ficam suficientemente curtos, dão um sinal para que ela pare de se dividir e ativam os genes do envelhecimento. Se uma enzima chamada telomerase, responsável pela reconstrução dos telômeros, for ativada, a célula torna-se imortal. Se os cientistas conseguirem controlar de forma favorável essa enzima, talvez consigam retardar o envelhecimento e várias doenças da velhice.
O prêmio Nobel de Medicina de 2009 foi concedido para pesquisadores que estudam os telômeros e o envelhecimento. Felizmente, existe todo um esforço mundial para aumentar o tempo de vida médio da espécie humana e esta pesquisa mostra que isto já é possível. Se por um lado a notícia faz com que o idoso sonhe com uma vida mais saudável e longa, por outro fica incrédulo e perplexo com a recente notícia do Ministério da Saúde de que a fila de transplantes dará prioridade a menores de 18 anos.
A bioética é a ética da vida e um de seus princípios fundamentais, o da justiça, diz que os iguais devem ser tratados igualmente, ou seja, deve existir imparcialidade na distribuição dos riscos e benefícios. Os idosos foram os que mais contribuíram para o bem-estar da sociedade e agora, em função da idade e do critério prognóstico, vão para o fim da fila dos transplantes. Por terem ultrapassado os 60 anos de idade e com uma menor sobrevida em relação às demais faixas etárias, são condenados a uma eutanásia social. Infelizmente as políticas de atenção à saúde aos idosos no Brasil só contribuem para o desânimo, perda de vontade de viver e sofrimento para esta parcela da população”.

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