quarta-feira, 31 de março de 2010

A mentira que durou 21 anos


Estamos lembrando 46 anos de um golpe de Estado neste 31 de março. Foi lá em 1964 que foi destituído o presidente João Belchior Goulart e que passou a viver no exílio. Morreu em sua fazenda no interior do Uruguai, em circunstâncias que ainda se discute e pairando muitas interrogações. A mentira que me refiro, foi o pronunciamento do primeiro Presidente militar que assumiu o poder em 1ºde abril de 64 – General Castelo Branco - que disse textualmente: “Meu procedimento será o de um chefe de Estado sem tergiversações no processo para a eleição do brasileiro a quem entregarei o cargo em 31 de janeiro de 1966”. Foram mais de 20 anos de regime de exceção com sucessivos governos militares, castrando o direito do povo de exercer suas prerrogativas do voto e de livre escolha de seus mandatários. Foi um período também que impediu o surgimento de novas lideranças, que mais tarde com a redemocratização, se percebeu a ausência. Lembro a dificuldade neste período em fazer jornalismo. A censura foi das coisas mais desagradáveis e que contribuiu para a escassez de produções literárias e da livre manifestação do pensamento. Quem passou pelo regime militar, certamente não pode sentir saudade daqueles tempos. Clichê ou não, é verdade verdadeira: “Nada supera a democracia”.
Trago comigo um gesto que produzi em plena sala de aula, como professor de Direito e Legislação e a disciplina de Moral e Cívica, que diante dos alunos rasguei o livro que o governo fornecia e que afirmava no calendário que 31 de março tinha acontecido uma revolução democrática. Mandei que os alunos corrigissem por – Golpe de Estado. Não me arrependo daquele gesto e daquela ousadia. Glória seria se por aquela atitude tivesse sido preso. Estaria hoje brigando como tantos por indenizações milionárias.
Não tenho motivo algum para comemorar esta data. Faço referência por obrigação de ofício de jornalista que se posiciona no mundo diante de um contexto geopolítico, e por gostar de história.

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